E não dito

setembro 18, 2010

Sem título…

Filed under: escritos do hoje,inauditos,poesia — gleisepc @ 2:48 pm

Ela sabia pouco – quase nada seria redundância – mas vestiu saia florida, blusa contida e sapato colorido e foi sentar-se no banco da praça para ler poesias…

outubro 7, 2009

Instantâneo…

Filed under: escritos,escritos do hoje,espanto,inauditos — gleisepc @ 6:44 pm
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Ela desceu do ônibus feliz, com os presentes a cobrir-lhe o rosto. Ele tentou, mas não conseguiu frear.

outubro 5, 2009

Uma tarde…

Filed under: Sem-categoria — gleisepc @ 5:29 pm

Ela sorria e olhava ele falando, e falando… Já quase não o ouvia, mas consentia e sorria. Sabia que ele falava sem o mesmo ânimo. Os passeios conjuntos se transformaram em rotina automatizada, mas sobre isso ele não falava. Ela tampouco o fazia, e preferia sustentar o sorriso enquanto pensava nos por quês daqueles momentos. O mais doloroso era saber que ele sabia, mas não falava e, no entanto, era ele quem mais tinha assunto nessas horas. Como ele podia sustentar tal situação?, ela pensava; mas deixou soar o sorriso pelo ar.

Ele falava e era tão automático, que nem parecia ser ele mesmo a trazer a variedade de temas para aquela mesa, naquele lugar. Ele tinha medo que ela lhe perguntasse sobre qual o assunto ele estava falando, porque não tinha o menor controle sobre o que dizia. Era quase um zumbi  de si mesmo naquela rotina que inventaram, não lembra quando. E quanto mais ele falava, mais sabia que ela estava ali, mas não o ouvia. Ela sorria, como sempre, mas agora, mantinha-se ausente. Enquanto ele falava, e por que falava, não conseguia parar de pensar nela ali na sua frente, consentindo e sorrindo. Doloroso era saber que ela também sabia, mas, ainda assim, insistia em consentir e sorrir. Como ela podia manter o sorriso em tal situação?, ele se punha a pensar; mas não conseguia parar de falar.

Júlia olhava a xícara de café já sem nenhuma vontade. Ela gostava tanto de café, mas o deixara esfriar. Distraída com o casal da mesa ao lado, e sua  felicidade cúmplice tão despudoradamente visível, pensava em como trazer o gosto pelo café de volta à sua, uma vez mais, solitária rotina…

setembro 12, 2009

Um pedaço de mundo…

Filed under: escritos do hoje,inauditos — gleisepc @ 3:14 pm
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Em um pedaço de mundo ele dormia o merecido sono depois da comida de hoje, com o cão a vigiar-lhe as sobras. Os bancos de praça do mundo se parecem, todos portos de quem não tem âncora. Quartos e salas de jantar de quem não possui mais a ilusão de um molho de chaves e portas para cerrar…

setembro 1, 2009

Ainda hoje…

Filed under: escritos do hoje,espanto,inauditos — gleisepc @ 4:17 pm
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Ela andava apressada em seus sapatos novos mas o salto prendeu-se em algo, fazendo-a recuar. Neste instante extraordinário seu mundo veio abaixo. Presa pelo salto da novidade de seus sapatos ela encarou, ainda hoje bem cedo, aquilo que já não era novo em seu mundo. Ainda atada, pensou por um instante  e concluiu que os sapatos valiam mais…

julho 12, 2009

Só mais um Domingo…

Filed under: escritos de amor — gleisepc @ 4:17 pm

O peito doía-lhe, apertado em meio às angústias e raivas sufocadas. Ela então sentou-se no inferno, com a mão dele indo, rapidamente, para a sua coxa. Sentiu-se bem e pensou, com uma mirada cúmplice: até posso saborear mais uma palavra banal servida como sobremesa…

julho 8, 2009

Na Calçada…

Filed under: escritos do hoje — gleisepc @ 6:34 pm

Sentou-se na calçada, a cabeça entre as mãos, sorria. Sorria de tudo, e com tal força, que sentiu vontade de ocultar do mundo. O riso era seu, só seu. Riso egoísta de momento. Ficou ali uns bons momentos. Alguns minutos, muitos. Aquela convulsão vivida, uma contração dos músculos, pernas e braços e o começo de uma leve cãibra no maxilar. Tudo seu, seu tempo de risada solta, sem motivo. Só porque sentiu este desejo incontrolável de sorrir. Assim, fácil…ou talvez tenha sido por causa da tarde, da falta de vento, dos sons diários. Tanto faz. Fazia-se necessário sorrir, e ele sorriu…Sorriu egoísta, como criança em jogo de esconder, ocultando o mundo como se este não pudesse vê-lo  ali, naquela calçada de metrópole, a cabeça entre as mãos e o corpo em convulsão…

julho 3, 2009

Um…

Filed under: inauditos — gleisepc @ 6:17 pm

Ele pensava não estar presente em seu próprio pensar. Vagava com o barulho da chuva para um além de si, para um algum, um lugar, um não ele. Um, identidade outra, verdade dobrada em redobro. Ele não se dava conta e continuava crendo não estar. Um, a se repartir e, no entanto, existindo também em seu outro. Um, dividido, multiplicado, adicionado e, só por ele, diminuído em seu permanecer. Levado a distâncias por sua unidade ele era aquele que não é mais o mesmo, um reflexo no reflexo do espelho. Assim ele pensava, pensando em não estar presente em seu próprio pensar…

maio 7, 2009

Da segurança casual…

Filed under: escritos do hoje,inauditos — gleisepc @ 6:59 pm

Ele era muito seguro, assim quase casualmente, como se aquilo fosse mais uma roupa, o caminho para a casa ou ser o filho de seus pais. Ele era muito calmo também, como consequência de toda segurança. Era o caso de ser calmo, pois tudo era decidido com tanta clareza e de modo tão firme  não havendo, portanto, o espaço para angústias e nervosismos histéricos de quem só pensa como se pisasse em pontes suspensas. Um verdadeiro alívio percebê-lo em sua desenvoltura diária, assim pensavam os demais. Decididamente, era um alívio ter a presença, ali manifesta, de tanta segurança. Foi apoiado nesse modo de ser que ele, na última segunda-feira, cumprimentou a todos trazendo uma certa paz ao ambiente, deixou calmamente a pasta em cima de sua mesa, pegou a agenda com a secretária, abriu a janela,  colocando a seguir para fora, no estreito parapeito, primeiro o pé direito depois o esquerdo, e saltou. Mas saltou com tanta segurança, como sempre lhe fora natural, que trouxe um novo significado para as segundas-feiras dali em diante…

dezembro 31, 2008

Derradeiro…

Filed under: Sem-categoria — gleisepc @ 4:21 pm

Derradeiro, ele jogou seu corpo sobre a cama, os lençóis ainda cheiravam à lavagem. Só mais algumas horas, algumas horas a mais e tudo continuará. Simplesmente continuará, ele imaginava…

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